Quem tem Cultura?
Não raro ouvimos: "Coitado, ele não tem cultura nenhuma!"
Que diabo é isso que falamos, ouvimos, alguns poucos discutem, menos ainda fazem e raros conhecem? Quem já não ouviu dizerem que o Brasil não tem cultura própria! Para alinhar isso é preciso primeiro entender o que é cultura. Precisamos ter o conceito claro para balizar a discussão. Muitas são as definições de cultura, mas a que mais gosto é a seguinte:
Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, lingüísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura de um povo as seguintes atividades e manifestações: artes, música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. Tudo que é feito pelo homem e consiste em aprendizado para as gerações que se seguem, que não é dom natural, compõe o que chamamos de cultura. Uma das capacidades que diferenciam o ser humano dos animais irracionais é a capacidade de produção de cultura.
Logo, inexiste a possibilidade de algum ser humano que vive em sociedade não ter cultura. Muitos se arvoram, do alto da sua arrogância, em classificar ou rotular os demais como sem cultura. Claro que temos culturas diferentes, mas a existência de uma não siginfica a inexistência da outra. Temos sim, que conhecer, respeitar e valorizar todas as diversas expressões culturais. Neste ponto o Brasil é rico e multifacetado.
Tudo que envolve a convivência social, onde em função dela construimos padrões de identidade, os quais são passíveis de reprodução ao longo das gerações, formam a cultura de um povo. Talvez queiram dizer de uma pessoa que ela tenha pouca semelhança com a cultura de quem a classifica, mas certamente no ambiente de cada ser humano há um traço próprio da cultura dele. Aos olhos de quem não se dispõe a conhecer o outro, os seus valores culturais parecem os melhores e os desconhecidos, inexistentes. Todavia não é a realidade.
Quero apenas chamar a atenção de todos para termos um pouco mais de humildade e capacidade de respeitar a cultura alheia. Óbvio que podemos avaliar que determinados aspectos e valores culturais de determinados povos são abomináveis. Tudo que humilha o ser humano, diferencia pela cor, raça, credo, ou mesmo opção sexual tende, nesta glogalização cultural, a ser banido. Alguns valores devem ser universais.
Entretanto os próprios povos devem chegar a esta conclusão. O que vemos agora no mundo árabe e na ásia, começa a demonstrar isso. A revolução que a comunicação tem feito em todas as culturas tem sido sensacional.
A cultura não é estática. Evolui com a mudança da sociedade e dos valores. Vimos isso no Brasil e estamos vendo no mundo. Precisamos, na verdade, ter esta visão dinâmica da cultura, respeitar a diversidade e construir através de valores universais um patamar mínimo de uma cultura na terra.
Sem bairrismo, sem xenofobia, mas sabendo da sua inserção cultural e tendo a capacidade de descobrir valores diferentes.